Cenas Cortadas: Crepúsculo - Dia do Baile (Estendido)
-Quando é que
você vai contar o que tá acontecendo, Alice?"
"Você
vai ver, seja paciente", ela ordenou, sorrindo diabolicamente.
Nós estávamos
na minha caminhonete, mas ela estava dirigindo. Mais três semanas e eu ia tirar
o gesso da minha perna, e aí eu ia bater o pé no chão muito firmemente sobre
esse negócio de motoristas. Eu gostava de dirigir.
Já era fim de
Maio, e de alguma forma as terras ao redor de Forks encontraram um jeito de
ficarem ainda mais verdes. Era lindo, é claro, e eu estava de alguma forma
começando a me apegar com a floresta, na maior parte isso se dava ao fato de
que eu passava muito mais tempo lá do que o normal. Nós ainda não éramos
exatamente amigos, a natureza e eu, mas estávamos nos aproximando.
O céu estava
cinza, mas isso era bem vindo também. Estava de um cinza perolado, nem um pouco
escuro, não estava chovendo, e quase estava aquecido o suficiente pra mim. As
nuvens eram grossas e seguras, o tipo de nuvens que haviam se tornado um prazer
pra mim, por causa da liberdade que elas garantiam.
Mas apesar
dos arredores agradáveis, eu estava me sentindo nervosa. Parcialmente por causa
do comportamento estranho de Alice. Ela tinha absolutamente insistido em um dia
de garotas nesse Sábado de manhã, me dirigindo até Port Angeles pra que nós
tivéssemos manicure e pedicure, se recusando a me deixar usar o tom claro de
rosa que eu queria, ordenado ao invés disso, que a manicure usasse um tom
vermelho chamativo - chegando ao ponto de querer que eu pintasse as unhas do
meu pé que estava com o gesso.
Aí ela me
levou pra comprar sapatos, apesar de eu só poder experimentar um pé de cada
par. Sob os meus estrênuos protestos, ela me comprou um par dos sapatos mais
impraticáveis, caros demais com um salto agulha - eram coisas que pareciam
perigosas, seguros apenas por laços de fita grossos que se cruzavam no meu pé e
eram apertados num grande laço na parte de trás do meu calcanhar. Ele eram de
um azul profundo, cor de jacinto, e eu tentei explicar em vão que não tinha
nada pra usar com eles.
Mesmo com o
guarda-roupas embaraçosamente cheio de roupas que ela comprou pra mim em Los Angeles - a
maioria delas muito finas pra eu usar em Forks - eu tinha certeza de que não
tinha nada desse tom. Mesmo se eu tivesse alguma coisa desse tom no meu guarda-roupa,
minhas roupas não combinavam muito bem com saltos agulha. Eu não combinava com
saltos agulha - eu mal podia caminhar em segurança andando de meias. Mas a
minha lógica inexpugnável foi desperdiçada com ela. Ela nem discutiu de volta.
"Bem,
eles não são da Biviano, mas eles vão ter que servir", ela murmurou
afobada, e depois não falou mais nada enquanto empurrava o seu cartão para os
empregados com cara de impressionados.
Ela comprou o
meu almoço pela janela em um drive thru de um fast food, me dizendo que eu
tinha que comer no carro, mas se recusando a me explicar o porque da pressa.
Sem mais, no caminho de casa eu tive que lembrá-la várias vezes que o meu carro
não podia ter a performance de um carro esporte, mesmo com as modificações de
Rosalie, e pra por favor dar uma folguinha á pobre coisa. Geralmente, Alice era
a minha motorista favorita. Ela não se incomodava em ter que dirigir a apenas
vinte ou trinta quilômetros acima dos limites de velocidade, do jeito que
outras pessoas não pareciam ser capazes de fazer.
Mas a agenda
obviamente secreta de Alice era só a metade do problema, é claro. Eu também
estava pateticamente ansiosa porque eu já não via o rosto de Edward a quase
seis horas e esse era um recorde nesses mais de dois meses.
Charlie estava
sendo difícil, mas não impossível. Ele estava acostumado á presença constante
de Edward quando ele voltava pra casa, e nada encontrava nada do que reclamar
quando nos via sentados na mesa da cozinha fazendo o dever de casa - ele até
parecia gostar da companhia de Edward quando os dois gritavam juntos assistindo
os jogos da ESPN. Mas ele não havia perdido nem um pouco da sua consternação
original quando ele segurava a porta pra Edward sair precisamente as dez horas
nas noites de semana.
É claro,
Charlie era completamente inconsciente da habilidade de Edward de devolver seu
carro a sua casa e entrar pela minha janela em dez minutos.
Ele era muito
mais agradável com Alice, ás vezes chegava a ser embaraçoso. Obviamente, até
que eu tivesse o meu grosso gesso removido e trocado por alguma coisa mais
manuseável, eu precisava da ajuda de uma mulher. Alice era um anjo, uma irmã;
toda noite e toda manhã ela aparecia pra me ajudar com a minha rotina diária.
Charlie
estava enormemente agradecido por se livrar do horror de ter uma filha quase
adulta precisando de ajuda pra tomar banho - esse tipo de coisa estava muito
longe da sua zona de conforto, e da minha também, pra falar a verdade. Mas era
por mais que gratidão que Charlie chamava ela de "Anjo" como apelido,
e observava ela com olhos fascinados enquanto ela dançava sorrindo pela casa
pequena, iluminando ela.
Nenhum humano
podia deixar de se sentir afetado com a sua fascinante beleza e graça, e quando
ela saia pela porta com um aficionado "Te vejo amanhã, Charlie", ela
o deixava deslumbrado.
"Alice,
nós vamos pra casa agora?", eu perguntei agora, nós dias entendendo que eu
estava me referindo á casa branca perto do rio.
"Sim",
ela sorriu, me conhecendo bem. "Mas Edward não está lá".
Eu fiz uma
carranca. "Onde ele está?"
"Ele
tinha algumas incumbências a tratar".
"Incumbências?",
eu repeti vaziamente. "Alice", o meu tom se tornou implorativo.
"por favor me diga o que está acontecendo".
Ela balançou
a cabeça, ainda com um sorriso largo. "Eu estou me divertindo
demais", ela explicou.
Quando nós
chegamos em casa, Alice me levou direto lá pra cima, para o banheiro que era do
tamanho de um quarto. Eu me surpreendi por encontrar Rosalie lá, esperando com
um sorriso celestial, em pé atrás de uma cadeira baixa, cor de rosa.
Uma
gigantesca fileira de ferramentas e produtos estava em cima da pia comprida.
?Sente", Alice comandou. Eu a levei em consideração cuidadosamente por um
minuto, e depois, decidindo que ela estava preparada pra usar a força se fosse
necessário, eu manquei até a cadeira e me sentei com toda a dignidade que pude.
Rosalie imediatamente começou a pentear o meu cabelo.
"Eu não
acho que você vá me dizer o porque de tudo isso", eu perguntei pra ela.
"Você
pode me torturar", ela disse absolvida com o meu cabelo, "mas eu
nunca vou falar". Rosalie segurou a minha cabeça na pia enquanto Alice
esfregava um shampoo na minha cabeça que tinha cheiro de menta e grapefruit.
Alice esfregou as mechas molhadas furiosamente com uma toalha, e depois
espalhou quase uma embalagem inteira de alguma coisa - isso tinha cheiro de
pepino - nas mechas úmidas e me enxugou de novo.
Depois elas
pentearam a bagunça rapidamente; o que quer que fosse a coisa de pepino, aquilo
fez o emaranhado se comportar. Eu posso querer comprar uma coisa daquelas. Cada
uma delas agarrou um secador e começou a trabalhar. Enquanto os minutos se
passavam, e elas continuavam descobrindo novas mechas de cabelo molhado, os
rostos delas começaram a aparentar ficar um pouco preocupados. Eu sorri
alegremente. Uma coisa que os vampiros não podiam apressar.
"Ela tem
muito cabelo", Rosalie comentou com uma voz ansiosa.
"Jasper!",
Alice disse claramente, mas não alto, "Me traga outro secador de
cabelo!" Jasper veio resgatá-las, de alguma forma aparecendo com mais dois
secadores, que ele apontou para a minha cabeça, profundamente divertido,
enquanto elas continuavam com seus próprios trabalhos.
"Jasper..."
Eu comecei esperançosamente.
"Desculpe,
Bella. Eu não tenho permissão pra dizer nada".
Ele escapou
alegremente quando tudo já estava seco - e fofo. O meu cabelo estava uns três
centímetros afastado da minha cabeça.
"O que
vocês fizeram comigo?", eu perguntei horrorizada. Mas elas me ignoraram,
puxando uma caixa de rolinhos quentes.
Eu tentei
convencê-las de o meu cabelo não cacheava, mas elas me ignoraram, colocando
alguma coisa de um tom amarelo estranho em cada uma das mechas antes de
enrrolá-las nos rolinhos quentes.
"Vocês
encontraram sapatos?", Rosalie perguntou intensamente enquanto elas
trabalhavam, como se a resposta fosse de vital importância.
"Sim-
eles são perfeitos", Alice ronronou de satisfação.
Eu observei
Rosalie pelo espelho, balançando a cabeça como se um enorme peso tivesse sido
tirado dos seus ombros.
"Seu
cabelo está legal", eu reparei. Não que ele não estivesse sempre perfeito
- mas ela o tinha prendido pra cima essa tarde, criando uma coroa de cachos
macios dourados no topo da cabeça dela.
"Obrigada",
ela sorriu. Elas haviam começado com a segunda leva de cachos agora. "O
que você acha de maquiagem?", Alice perguntou.
"É um
saco", eu ofereci. Elas me ignoraram.
"Ela não
precisa de muita - a pele dela fica melhor limpa", Rosalie pensou.
"Porém,
batom", Alice decidiu.
"E
rímel, e delineador de olhos", Rosalie adicionou, "só um pouco".
Eu suspirei
alto, Alice riu. "Seja paciente, Bella. Nós estamos nos divertindo".
"Bem, já
que vocês estão", eu murmurei.
Elas tinham
prendido todos os cachos apertados e desconfortáveis na minha cabeça agora.
"Vamos vesti-la". A voz de Alice estava alegre de antecipação. Ela
não esperou que eu saísse do banheiro com as minhas próprias pernas. Ao invés
disso ela me pegou no colo e me levou até o quarto grande e branco de Rosalie e
Emmett. Na cama, havia um vestido. Azul cor de jacinto, é claro.
"O que
você acha?", Alice chiou.
Essa era uma
boa pergunta. Ele era levemente frisado, aparentemente era pra ele ser usado
bem abaixo dos ombros, com longas mangas decoradas que se grudavam nos pulsos.
O alegre espartilho era decorado com outro tom, com flores pálidas, de jacinto
azul, que se pregueavam pra formar uma fina linha no lado esquerdo.
O material
florido era longo nas costas, mas se abria na frente em cima de várias formas
de cor de jacinto, que iam se tornando de um tom mais claro enquanto iam
descendo mais.
"Alice",
eu gemi. "Eu não posso usar isso!"
"Porque?",
ela quis saber com uma voz dura.
"O top é
completamente transparente!"
"Isso
vai por baixo", Rosalie segurou uma peça completamente ominosa, de um azul
pálido. "O que é isso?", eu perguntei temerosamente.
"É um
corpete, bobinha", Alice disse, impaciente. "Agora você vai colocar
isso, ou eu vou ter que chamar Jasper pra ele te segurar enquanto eu faço
isso?", ela ameaçou.
"Era pra
você ser minha amiga", eu acusei.
"Seja
boazinha, Bella", ela suspirou, "Eu não me lembro de como é ser
humana e eu estou me divertindo muito aqui. Além do mais, é pro seu próprio
bem".
Eu reclamei e
corei muito, mas elas não levaram muito tempo pra me enfiar no vestido. Eu
tinha que admitir, o corpete tinha as suas vantagens.
"Uau",
eu respirei, olhando pra baixo. "Eu tenho um colo".
"Quem
poderia ter adivinhado", Alice gargalhou, deliciada com o trabalho dela.
No entanto, eu não estava completamente vendida.
"Você
não acha que esse vestido é um pouco... eu não sei, avançado demais... pra
Forks?", eu perguntei hesitantemente.
"Eu acho
que as palavras que você está procurando são alta costura", Rosalie riu.
"Não é
pra Forks, é pra Edward", Alice insistiu. "Está exatamente
certo".
Aí elas me
levaram de volta para o banheiro, retirando os rolinhos com mãos voadoras. Pra
meu choque, cascatas de cachos foram caindo. Rosalie colocou a maior parte
deles pra cima, cuidadosamente enrolando eles em anéis que fluíam com linhas
grossas nas minhas costas. Enquanto ela trabalhava, Alice rapidamente pintava
uma linha fina embaixo dos meus dois olhos, colocou rímel, e espalhou batom
vermelho cuidadosamente nos meus lábios. Aí ela saiu do banheiro e retornou
prontamente com os meus sapatos.
"Perfeitos",
Rosalie respirou quando Alice os segurou pra cima pra ela ver.
Alice me
calçou com o sapato mortal como se fosse uma expert, e aí olhou para o meu
gesso com especulação nos olhos.
"Eu acho
que fizemos o que podíamos", ela balançou a cabeça tristemente. "Eu
não acho que Carlisle nos deixaria...?", ela olhou pra Rosalie.
"Eu duvido",
Rosalie respondeu secamente. Alice suspirou.
Nessa hora as
duas levantaram as cabeças.
"Ele
está de volta". Eu sabia a qual 'ele' elas se referiam, e eu senti
vigorosas borboletas no meu estômago.
"Ele
pode esperar. Há uma coisa mais importante", Alice disse firmemente. Ela
me levantou de novo - uma necessidade, eu tinha certeza de que não conseguiria
andar com aquele sapato - e me carregou para o quarto dela, onde ela
cuidadosamente me colocou na frente do seu espelho grande, largo, de multi faces.
"Ai",
ela disse. "Está vendo?"
Eu encarei a
estranha no espelho. Ela parecia muito alta com o seu salto, com a longo,
esbelta linha do vestido justo acrescentando á ilusão. O espartilho decotado -
onde a impressionante linha do busto captou a minha atenção de novo - fazia o
pescoço dela parecer muito longo, assim como a longa linha de cachos brilhantes
nas costas dela. A cor de jacinto do tecido era perfeita, destacando a pele cor
de marfim dela, e a cor rosada das bochechas coradas dela. Ela estava muito bonita,
eu tinha que admitir.
"Ok,
Alice", eu sorri. "Eu vejo".
"Não se
esqueça", ela ordenou.
Ela me pegou
de novo, e me carregou até o topo das escadas.
"Se vire
e feche os olhos!", ela ordenou escada abaixo. "E fique fora da minha
cabeça - não arruíne tudo".
Ela hesitou,
caminhando mais devagar do que de costume enquanto descia as escadas até que
ela pôde ver que ele havia obedecido. E aí ela voou pelo resto do caminho.
Edward estava na porta, virado de costas pra nós, muito alto e escuro - eu
nunca tinha visto ele de preto antes. Alice me colocou de pé, alisando o
franzido do meu vestido, colocando os cachos no lugar, e aí ela me deixou lá,
indo se sentar no banco do piano pra observar. Rosalie seguiu pra se sentar com
ela na platéia.
?Posso
olhar?" A voz dele estava intensa com a antecipação - isso fez meu coração
bater descompassadamente.
"Sim...
agora", Alice dirigiu.
Ele se virou
imediatamente, e ficou congelado no lugar, seus olhos de topázio pareciam
líquidos. Eu podia sentir o calor subindo no meu pescoço e se alojando nas
minhas bochechas. Ele estava tão lindo; eu senti uma pontada do medo antigo,
que ele fosse só um sonho, que ele não podia ser real. Ele estava usando um
smoking, e ele pertencia a uma tela de cinema, não ao meu lado. Eu olhei pra ele
com uma descrença fascinada.
Ele caminhou
lentamente na minha direção, hesitando a um passo quando chegou perto de mim.
"Alice,
Rosalie... obrigado", ele respirou sem tirar os olhos de mim. Eu ouvi
Alice gargalhar de prazer.
Ele se
aproximou, colocando uma mão embaixo da minha mandíbula, e se aproximando pra
pressionar seus lábios na minha garganta.
"É
você", ele murmurou contra a minha pele. Ele se afastou, e haviam flores
brancas na sua outra mão.
"Frísia",
ele me informou enquanto as prendia nos meus cachos. "Completamente
redundante, em se tratando de fragrância, é claro". Ele se inclinou
novamente, me olhando de novo. Ele deu o seu sorriso de fazer o coração parar.
"Você está absurdamente linda". "Você roubou a minha fala",
eu mantive a minha voz o mais suave que consegui. "Bem quando eu consigo
me convencer de que você é real, você aparece desse jeito e eu estou com medo
de que esteja sonhando de novo".
Ele me puxou
rapidamente pros seus braços. Ele me segurou bem próximo ao seu rosto, seus
olhos em chamas quando ele me puxou ainda mais pra perto.
"Cuidado
com o batom!", Alice comandou.
Ele sorriu
rebeliosamente, mas baixou sua boca para o vão na minha clavícula.
"Você
está pronta pra ir?", ele perguntou.
"Alguém
vai me contar que ocasião é essa?"
Ele sorriu de
novo, olhando por cima do ombro para as irmãs. "Ela não adivinhou?"
"Não", Alice gargalhou. Edward riu deliciosamente. Eu dei um olhar
zangado.
"O que é
que eu estou perdendo?"
?Não se
preocupe,você vai descobrir logo logo", ele me assegurou.
"Coloque
ela no chão, Edward, pra que eu possa tirar uma foto", Esme estava
descendo as escadas com uma câmera prateada nas mãos.
"Fotos?",
eu murmurei, enquanto ele me colocava cuidadosamente de pé no meu pé bom. Eu
estava com um mal pressentimento sobre isso. "Você vai aparecer no
filme?" eu perguntei sarcasticamente.
Ele sorriu
pra mim.
Esme tirou
várias fotos de nós, até que Edward sorrindo insistiu que íamos nos atrasar.
"A gente
se vê mais tarde", Alice disse enquanto ele me carregava pela porta.
"Alice
vai estar lá? Onde quer que lá seja?" eu me senti um pouco melhor.
"E Jasper, e Emmett, e Rosalie".
Minha testa
se enrugou de concentração enquanto eu tentava deduzir o segredo. Ele achou
graça da minha expressão.
"Bella",
Esme me chamou. "Seu pai está no telefone".
"Charlie?"
Edward e eu perguntamos simultaneamente. Esme me trouxe o telefone, mas ele o
agarrou quando ela tentou passá-lo pra mim, me segurando sem esforço com um
braço só. "Ei!", eu protestei, mas ele já estava falando.
"Charlie?
Sou eu. Qual é o problema?" Ele parecia preocupado. Meu rosto empalideceu.
Mas depois a expressão dele ficou divertida e depois perversa.
"Dê o
telefone pra ele, Charlie - deixe que eu fale com ele" O que quer que
estivesse acontecendo, Edward estava se divertindo um pouco demais pra que
Charlie estivesse em algum tipo de perigo. Eu relaxei um pouco.
"Olá,
Tyler, aqui é Edward Cullen", a voz dele estava amigável, na superfície.
Eu o conhecia bem o suficiente pra identificar o leve tom de ameaça. O que é
que Tyler estava fazendo na minha casa? A horrível verdade começou a descer em
mim.
"Eu
lamento se houve algum mal entendido, mas Bella não está disponível essa
noite", o tom de Edward mudou, e a ameaça na voz dele estava
repentinamente mais evidente enquanto ele falava. "Pra ser perfeitamente
honesto, ela vai estar indisponível todas as noites, em se tratando de alguém
que não seja eu mesmo. Sem ofensa. Eu lamento pela sua noite" Ele não
parecia lamentar nem um pouco. Depois ele fechou o telefone, com um enorme
sorriso no rosto.
"Você
está me levando pra o baile!", eu acusei furiosamente. O meu rosto e meu
pescoço ficaram ruivos de raiva. Eu podia sentir a raiva enchendo os meus olhos
de lágrimas.
Ele não
estava esperando a força da minha reação, isso estava claro. Ele pressionou
seus lábios e seus olhos escureceram.
"Não
seja difícil, Bella".
"Bella,
nós todos estamos indo", Alice encorajou, repentinamente no meu ombro.
"Porque
você está fazendo isso comigo?", eu quis saber.
"Vai ser
divertido", Alice ainda estava brilhantemente otimista.
Mas Edward se
curvou pra murmurar no meu ouvido, sua voz aveludada estava séria. "Só se
é humano uma vez, Bella. Me distraia".
Aí ele virou
a força total dos seus olhos dourados pra mim, fazendo a minha resistência
derreter no calor deles.
"Tá
bom", eu fiz biquinho, incapaz de encará-lo com tanta eficiência como eu
teria gostado. "Eu vou quietinha. Mas você vai ver". Eu avisei mal
humorada. "Essa é a má sorte com a qual você esteve se preocupando.
Provavelmente eu vou quebrar a minha outra perna. Olhe pra esse sapato! É uma
armadilha mortal!" eu levantei minha perna pra provar.
"Hmmm",
ele olhou para a minha perna por mais tempo do que era necessário, e depois
olhou pra Alice com os olhos brilhando. "De novo, obrigado".
"Vocês
vão se atrasar pra o Charlie", Esme lembrou ele.
"Tudo
bem, vamos lá", ele me levou pela porta.
"Charlie
está envolvido nisso?", eu perguntei com os dentes trincados.
"É
claro", ele deu um sorriso largo.
Eu estava
preocupada, então eu não reparei antes. Eu estava apenas vagamente consciente
de um carro prateado, e eu presumiu que fosse o Volvo. Mas aí ele se abaixou
tanto pra me colocar dentro dele que eu pensei que ele ia me sentar no chão.
"O que é
isso?" Eu perguntei, surpresa por me encontrar dentro de um conversível
estranho. ?Onde está o Volvo??
?O Volvo é o
meu carro de todo dia", ele me disse cuidadosamente, com medo que eu
tivesse outro chilique. "Esse é um carro pra ocasiões especiais".
"O que
Charlie vai pensar?" Eu balancei a minha cabeça desaprovando enquanto ele
entrava e ligava o motor. Ele ronronou.
"Oh, a
maior parte da população de Forks acha que Carlisle é um ávido colecionador de
carro", ele acelerou pela floresta em direção á estrada.
"E ele
não é?"
"Não,
esse é mais o meu passatempo. Rosalie coleciona carros também, mas ela prefere
brincar com seus interiores do que andar neles. Ela fez um monte de
modificações nesse aqui pra mim".
Eu ainda
estava me perguntando porque estávamos voltando para a casa de Charlie quando
nós paramos na frente dela.
A luz da
varanda estava acesa, apesar de não estar completamente escuro ainda. Charlie
devia estar esperando, provavelmente espiando pelas janelas agora. Eu comecei a
corar, imaginando qual seria a primeira reação do meu pai ao ver um vestido
similar ao que eu estava usando.
Edward andou
pela frente do carro, devagar pra ele, pra abrir a porta pra mim - confirmando
as minhas suspeitas de que Charlie estava observando.
Então,
enquanto Edward estava me tirando do pequeno carro, Charlie - muito
descaracteristicamente - veio nos receber no quintal. Minhas bochechas
queimaram; Edward percebeu e olhou pra mim questionando. Mas eu não precisava
ter me preocupado. Charlie nem olhou pra mim.
"É um
Aston Martin?", ele perguntou com uma voz reverencial.
"Sim - o
Vanquish" Os cantos da boca dele se contorceram, mas ele se controlou.
Charlie
soltou um assobio baixinho.
"Quer
dar uma chance a ele?" Edward levantou a chave.
Os olhos de
Charlie finalmente deixaram o carro. Ele olhou pra Edward sem acreditar -
iluminado por uma pontada de esperança.
"Não",
ele disse relutante. "O que o seu pai iria dizer?"
"Carlisle
não vai se importar nem um pouco" Edward disse sinceramente, sorrindo.
"Vá em frente". Ele pressionou a chave na mão ansiosa de Charlie.
"Bem, só
uma voltinha rápida..."
Charlie já
estava alisando a maçaneta com uma das mãos.
Edward me
ajudou a ir tropeçando até a porta, me pegando no colo assim que estávamos do
lado de dentro, e me carregando até a cozinha.
"Isso
funcionou bem", eu disse. "Ele nem teve uma chance de enlouquecer por
causa do vestido".
Edward
piscou, "Eu não tinha pensado nisso", ele admitiu. Os olhos dele
analisaram o meu vestido de novo com uma expressão crítica. "Eu acho que é
bom nós não estarmos na caminhonete, seja ela um clássico ou não".
Eu tirei os
olhos do rosto dele sem vontade por tempo suficiente pra perceber que a cozinha
estava estranhamente escura.
Haviam velas
na mesa, muitas delas, talvez vinte ou trinta velas altas, brancas. A mesa
velha estava escondida por uma toalha longa, branca, assim como as duas
cadeiras. "Foi nisso que você esteve trabalhando hoje?"
"Não -
isso só levou meio segundo. Foi a comida que levou o dia inteiro. Eu sei que
você acha que restaurantes chiques são subjugadores, não que existam muitos
restaurantes que se encaixem nessa categoria aqui, mas eu decidi que você não
podia reclamar da sua própria cozinha".
Ele me sentou
em uma das cadeiras cobertas de branco, e começou a tirar coisas do forno e da
geladeira. Eu percebi que só havia um lugar posto.
"Você
não vai alimentar Charlie também? Ele vai ter que voltar pra casa alguma
hora". "Charlie não agüentaria comer mais nada - que você acha que
experimentou tudo pra mim? Eu tinha que ter certeza de que estava
comestível". Ele colocou um prato na minha frente, cheio de coisa que
pareciam muito comestíveis.
Eu suspirei.
"Você
ainda está com raiva?" Ele puxou a outra cadeira do outro lado da mesa pra
poder se sentar perto de mim.
"Não.
Bem, sim, mas não exatamente nesse momento. Eu só estava pensando - lá se vai,
a única coisa que eu sabia fazer melhor do que você. Isso parece ótimo" eu
suspirei de novo. Ele gargalhou. "Você ainda não experimentou - seja
otimista, talvez esteja horrível?. Eu dei uma mordida, pausei, e fiz uma
careta.
"Está
horrível?", ele perguntou, chocado.
"Não,
está fabuloso, naturalmente".
Isso é um
alívio", ele sorriu, tão lindo. "Não fique preocupada, ainda tem
muitas outras coisas que você faz melhor".
"Diga só
uma".
Ele não
respondeu no início, ele só passou levemente o seu dedo gelado na linha do meu osso
da clavícula, me olhando nos olhos até que eu senti a minha pele queimar e
ficar vermelha.
"Há
isso", ele murmurou, tocando o rubor nas minhas bochechas. "Eu nunca
ví alguém corar tão bem quanto você".
"Maravilhoso",
eu fiz uma carranca. "Reações involuntárias - uma coisa da qual eu posso
me orgulhar".
"Você
também é a pessoa mais corajosa que eu conheço".
"Corajosa?",
eu zombei.
"Você
passa todo o seu tempo cercada de vampiros; isso requer alguns nervos. E você
não hesita em se colocar em perigosa proximidade dos meus dentes..."
Eu balancei a
minha cabeça. "Eu sabia que você não ia encontrar nada".
Ele riu.
"Eu estou falando sério, sabe. Mas não importa. Coma". Ele pegou o
garfo de mim, impaciente, e começou a me dar a comida na boca. A comida estava
perfeita, é claro.
Charlie
chegou quando eu estava quase terminando. Eu observei o rosto dele
cuidadosamente, mas a minha sorte estava com tudo, ele estava muito deslumbrado
com o carro pra reparar em como eu estava vestida. Ele jogou as chaves de volta
pra Edward.
"Obrigado,
Edward", ele disse sonhador. "Aquele sim é um carro".
"De
nada".
"Como é
que foi?" Charlie olhou pro meu prato vazio. "Perfeito", eu
suspirei.
"Sabe,
Bella, eu acho que você devia deixar ele praticar cozinhar pra gente de novo
uma hora dessas", ele sugeriu.
Eu dei uma
olhada obscura pra Edward. "Eu tenho certeza que ele vem, pai". Não
foi até que chegássemos na porta que Charlie acordou completamente. Charlie
estava com o braço na minha cintura, pra me equilibrar e me apoiar, enquanto eu
mancava no sapato instável.
"Umm,
você pare... bem adulta, Bella", eu podia ouvir o início das suas
desaprovações de pai aparecendo.
"Alice
me vestiu. Eu não tive a oportunidade de dizer muita coisa". Edward riu
tão baixo que só eu pude ouvir.
"Bem, se
Alice..." ele parou, um pouco maleável. "Você está bonita,
Bells", ele pausou, com um leve brilho nos olhos. "Então, será que eu
devo esperar mais jovens de smoking aparecendo por aqui essa noite?"
Eu gemi e
Edward riu silenciosamente. Como alguém podia ser tão cego como Tyler, eu não
podia saber. Não era como se Edward e eu fizéssemos segredo na escola. Nós
chegávamos e íamos embora juntos, ele meio que me carregava até as salas de
aula, eu me sentava com ele e sua família todos os dias no almoço, e ele também
não era muito tímido em relação a me beijar na frente de testemunhas. Tyler
claramente precisava de ajuda profissional.
"Eu
espero que sim", Edward sorriu pro meu pai. "A geladeira está cheia
de sobras - diga pra eles se sentirem á vontade".
"Eu acho
que não - elas são minhas", Charlie murmurou.
"Pergunte
os nomes por mim, Charlie", o traço de ameaça na voz dele provavelmente só
era audível pra mim.
"Oh, já
basta!", eu ordenei.
Graças á
Deus, nós finalmente entramos no carro e fomos embora.
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