Cenas Cortadas: Lua Nova - Se Jacob não quebrasse as regras (Inclui epílogo original)
A maior
diferença (e é uma diferença enorme) entre o primeiro rascunho de New Moon e a
cópia final é essa: originalmente, Bella nunca descobriu o que havia de errado
com Jacob. Naquela época era um livro mais curto, que deixava de fora as
setenta páginas cruciais nas quais Jacob e Bella dividem todos os seus segredos
e fortalecem sua relação em uma coisa que transcende a amizade.
(Antes que
você continue lendo, não deixe que esta versão te confunda. Não foi assim que
-realmente aconteceu-. Enquanto o meu conhecimento do personagem de Jacob
crescia, essa versão original parecia mais e mais inaceitável. (É claro que
Jacob ia quebrar as regras ? ele é Jacob!) Isso é um esqueleto -, só ossos,
nada de carne).
Tente
imaginar isso: Bella vai até a casa de Jacob pra exigir a verdade sobre o
-culto-. Jacob aparece com Sam e os outros, e aí concorda em conversar
privadamente com Bella. Ele dispensa ela (na falta de uma palavra melhor pra
descrever) e ela fica com o coração partido pela segunda vez no livro. Ok, isso
tudo parece familiar. Mas aí naquela noite... nada acontece. Jacob não quebra
as regras e entra pela janela dela pra conversar com ela. Jacob não dá nenhuma
pista a ela, tentando ajuda-la descobrir o que ela já sabe. Bella ainda está
isolada, sozinha. Ela não tem idéia de que Victoria está por aí, caçando ela,
ou que os lobisomens estão por lá, protegendo ela.
Bella, no
entanto, é persistente demais pra receber um não como resposta de Jacob. Ela
não tem os mesmos problemas de auto-merecimento que interferiram em seu
relacionamento com Edward de New Moon pra impedi-la aqui. Não, Jacob DEVE a ela
mais que isso, droga, e ela vai cobrar o que lhe é devido.
Ela, porém,
não consegue encontrar ele, e eventualmente a procura dela a leva até o topo
dos penhascos. Ela se lembra de observar - a gangue- mergulhar em direção à
plenitude ? vocês sabem como ela fica boba com suas alucinações. Mergulhar de
penhascos é a inspiração dela nessa versão. Quando Jacob salva a vida dela
dessa vez, a interação entre eles sofre uma virada de 180 graus da versão
final...
-Como nós
vamos sair daqui?- Eu tossi e botei as palavras pra fora. Eu estava com tanto
frio agora que não conseguia sentir muito mais além do calor do corpo dele
enquanto lê me segurava cuidadosamente acima das ondas, e as dores nas minhas
costas. Parecia que a corrente estava puxando as minhas pernas, sem querer
desistir, mas elas estavam dormentes e eu podia estar só imaginando.
-Eu vou te
rebocar até a praia. Você vai ficar imóvel como se estivesse inconsciente e não
vai lutar. Isso vai facilitar as coisas-.
-Jake-, eu
disse ansiosamente. -A água é forte demais. Você provavelmente não va conseguir
nem sozinho, quanto mais me levando-.
-Eu te
pesquei, não foi?- Ele estava me segurando com força demais pra que eu údesse
ver seu rosto, mas a voz dele estava presumida.
-Você
pescou-, eu disse duvidosamente. -Como você fez isso? A corrente...- -Eu sou
mais forte do que você-
Eu teria
discutido, mas bem nessa hora a água resolveu sair do meu estômago.
-Tudo bem-,
ele disse, quando eu terminei de vomitar. -Eu preciso te tirar daqui.
Lembre-se, fique parada-.
Eu estava
fraca demais pra discutir, mas eu estava morrendo de medo de abandonar a
segurança das rochas e deixas as ondas me pegarem de novo. Reconciliada como eu
estava com a idéia de que eu estava me afogando há dois minutos atrás, agora eu
estava com medo. Eu não queria voltar para a escuridão. Eu não queria que a
água cobrisse meu rosto novamente.
Eu pude
sentir quando Jacob pulou da rocha. Eu estava de costas e ele estava me
segurando por baixo dos braços enquanto se impulsionava para a costa. A água
agitada nos alcançou, e eu entrei em pânico e comecei a chutar.
-Pare com
isso-, ele disparou.
Eu lutei pra
ficar imóvel, e era mais difícil do que eu havia imaginado, mesmo apesar dos
meus membros exaustos, doloridos não quererem nada além de ficar imóveis. Foi
incrível ? nós passamos através da água como se uma linha estivesse nos guiando
até a costa. Jacob era o nadador mais forte que eu já havia visto. Os empurrões
e apertos da corrente pareciam inúteis pra romper a forte rota que ele havia
cortado através das ondas. E ele era rápido. Recorde mundial de velocidade.
Aí eu senti
areia arranhando os meus joelhos.
-Tudo bem,
você pode se levantar, Bella-.
Assim que ele
me largou, eu caí de cara nas primeiras ondas que tinham a altura do meu
joelho.
Ele me puxou
pra fora antes que eu pudesse botar mais água pra dentro, me jogando com
facilidade por cima de seu ombro e marchando pela areia. Ele não disse nada,
mas a respiração dele parecia irritada.
-Bem ali-,
ele murmurou pra si mesmo, e mudou de direção. Eu só pude ver, enquanto
oscilava no ombro dele, seu pé descalço deixando pegadas enormes na areia
molhada. Ele me colocou numa trilha de areia que realmente parecia seca. Estava
escuro aqui ? eu me dei conta de que estávamos em uma caverna superficial que a
maré havia separado das rochas. A chuva não podia me alcançar diretamente, mas
pequenos salpicos de chuvisco chicoteavam na areia lá fora e batiam em mim.
Eu estava
tremendo com tanta força que os meus dentes estavam se batendo ? o som parecia
com o de castanholas em alto volume.
-Venha aqui-,
Jacob disse, mas eu não tive que me mexer. Ele passou seus braços ao meu redor
e me segurou com força em seu peito nu. Eu estremecia, mas ele estava imóvel. A
pele dele estava quente demais ? como se a febre tivesse voltado.
-Você não
está congelando?-, eu gaguejei.
-Não-
Eu me senti
envergonhada. Não apenas ele tinha sido exponencialmente melhor que eu na água,
mas agora ele tinha que me fazer parecer ainda mais fraca.
-Eu sou uma
fracassada-, eu murmurei.
-Não, você é
normal- A amargura estava lá na voz dele. Ele mudou de assunto rapidamente, sem
me dar a chance de perguntar o que ele estava querendo dizer. -Será que você se
importa em me dizer o que diabos você pensou que estava fazendo?- Ele quis
saber. -Mergulhando do penhasco. Recreação-. Inacreditável, mas ainda havia
água no meu estômago. Ela escolheu esse momento pra reaparecer.
Ele esperou
até que eu pudesse respirar de novo. -Parece que você se divertiu-.
-Eu me
diverti, até atingir a água. Será que não devíamos procurar alguma ajuda ou
coisa assim?- Meus dentes ainda estavam se chocando, mas ele entendeu o que eu
disse.
-Eles estão
vindo-.
-Quem está
vindo?- Eu perguntei, suspeitando, e surpresa.
-Sam e os
outros-.
Eu fiz uma
careta. -Como eles vão saber que precisamos de ajuda?- Meu tom estava cético.
Ele bufou. -Porque eles me viram correr e me jogar no penhasco atrás de você-.
-Você estava me
observando?- Eu acusei com fraco ultraje.
-Não, eu te
ouvi gritar. Se eu tivesse te visto eu teria te parado. Aquilo foi muito
estúpido, sabe-.
-Seus amigos
fazem isso-.
-Eles são
mais fortes que você-.
-Eu sou uma
boa nadadora-. Eu protestei, apesar das provas em contrário.
-Em uma
piscina de plástico-, ele discutiu. -Bella, tem um furação se formando aqui.
Você não considerou isso nem um pouco?-
-Não-, eu
admiti.
-Estúpida-,
ele repetiu.
-É-. Eu
concordei com um suspiro. Eu estava com muito frio e muito cansada.
-Fique
acordada-, Jacob me sacudiu com força.
-Corta essa-,
eu insisti. -Eu não vou dormir.-
-Então abra
seus olhos-.
Verdadeiramente,
eu não percebi que eles estavam fechados. Eu não disse isso a ele. Eu
simplesmente os abri e disse. -Tá bom-.
-Jacob?- O
chamado soou claramente apesar do barulho do vento e das ondas. A voz era muito
profunda.
Jacob se
inclinou pra longe pra não gritar no meu ouvido. -Na caverna, Sam!-
Eu não ouvi
eles se aproximando. Abruptamente, a pequena caverna estava lotada de pernas
marrom-escuras. Eu olhei pra cima, sabendo que meus olhos estavam cheios de
desconfiança e raiva, consciente da proximidade de Jacob. Seus braços me
protegiam, mas de repente eu senti eu era a protetora.
O rosto calmo
de Sam foi a primeira coisa que eu vi. Uma confusa sensação de déjà vu me
dominou. A caverna escura não era muito diferente da floresta à noite, e, de
novo, eu estava fraca e desamparada a seus pés. Ele estava me salvando de novo.
Eu encarei ele, incomodada.
-Ela está
bem?- ele perguntou a Jacob com a voz segura do único adulto entre as crianças.
-Eu estou
bem-, eu murmurei.
Ninguém me
ouviu.
-Nós
precisamos aquecê-la ? ela está ficando sonolenta- Jacob respondeu pra ele.
-Embry?- Sam
chamou, e um dos garotos deu um passo à frente pra entregar uma pilha de
cobertores a Jacob. O tom de comando na voz de Sam me irritou imensamente.
Era como se
nenhum deles pudesse fazer alguma coisa até que ele desse permissão. Eu o
encarei ferozmente enquanto Jacob enrolava os cobertores grossos ao meu redor.
-Vamos tirar
ela daqui-, Sam instruiu calmamente. Ele se inclinou na minha direção com as
mãos pra fora, mas parou quando eu me afastei dele.
-Eu levo ela,
Sam-, Jacob disse, colocando seus braços embaixo de mim e me levantando
fluidamente enquanto ficava de pé.
-Eu posso
andar-, eu protestei.
-Tá bom-,
Jacob me colocou de pé e esperou.
Meus joelhos
fraquejaram. Sam me segurou enquanto eu caía; instintivamente, eu lutei contra
as mãos dele.
Jacob me
agarrou de novo, me puxando pra longe de Sam e me jogando em seus braços. Ele
era ridiculamente forte pra sua idade. Eu fiz uma careta furiosa quando Sam
apertou os cobertores ao meu redor.
-Paul, você
está com aquela capa de chuva?-
Outro garoto
deu um passo à frente sem dizer uma palavra e adicionou uma camada de plástico
pra cobrir os cobertores.
Foi nesse
ponto, embrulhada em camadas de proteção, que eu me dei cota de que Sam e os
outros não estavam mais vestidos do que Jacob. Eu tinha presumido que Jacob
havia tirado a maioria de suas roupas antes de pular atrás de mim, mas eles
estavam todos de pés descalços e com os peitos nus, cada um deles usando apenas
shorts ou um par de jeans cortados, pingando de tão molhados pela chuva. A
chuva pingava de seus cabelos e deslizava em curvas pelo marrom suave dos seus
peitos; eles não pareciam notar. Embaixo da minha pilha de cobertores, eu
tremia incontrolavelmente e me sentia como um bebê ridículo.
-Vamos-, Sam
ordenou, e eles saíram da caverna.
Havia uma
trilha que seguia praia acima. Eles se moviam agilmente pelo caminho íngreme,
Jacob tão rapidamente como o resto. Ninguém se ofereceu para ajuda-lo, e ele
nunca pediu ajuda. Jacob não parecia estar incomodado por suas mãos não estarem
livres. Ele nunca vacilou.
Sam e os
outros três iam na nossa frente, e, enquanto eu observava subirem com
facilidade pela montanha, eu fiquei surpreendida de ver o quanto eles
combinavam bem o caminho natural. Eles se camuflavam harmoniosamente com as
cores das rochas e das árvores, o movimento do vento; eles pertenciam a esse lugar.
Eu olhei pra
Jacob, e ele combinava também. As nuvens e a tempestade e a floresta
emolduravam seu novo rosto perfeitamente. Ele parecia até mais natural, mais em
casa, do que o meu Jacob feliz já havia parecido em sua garagem caseira, o seu
próprio reino. Isso era perturbador.
Nós havíamos
chegado mais longe na estrada do que eu havia imaginado. Eu podia ver um vago
caroço, com uma cor ruiva à Sul, e eu adivinhei que ele fosse minha
caminhonete. Eu queria tentar caminhar de novo, mas Jacob ignorou meus rogos
murmurados. Eles ficaram na extremidade da floresta, como se eles pudessem se
mover com mais velocidade entre as árvores do que na estrada. E eles estavam se
movendo rapidamente; a minha caminhonete estava se aproximando mais rapidamente
do que devia.
-Onde estão
as suas chaves?- Jacob perguntou enquanto nos aproximávamos. A respiração dele
ainda estava uniforme e regular.
-No meu
bolso-, eu respondi automaticamente antes de me dar conta do que ele estava
sugerindo.
-Dê elas pra
mim-.
Eu encarei
ele, mas o rosto dele estava calmo e determinado. Solenemente, eu forcei minha
mão a entrar no meu jeans molhado e procurei minha chave. Eu afastei os
cobertores até que minha mão estava livre. Eu a levantei.
-Pra você ou
pra Sam?- eu perguntei amargamente.
Ele revirou
os olhos. -Eu vou dirigir-.
Em um
movimento súbito, rápido, ele inclinou a cabeça na minha direção e arrancou a
chave da minha mão com os dentes.
-Hey!- eu me
opus, assustada, enquanto pulava nos braços dele.
Ele sorriu
maliciosamente através da chave.
A seção
anterior pareceu uma boa introdução para o epílogo original de New Moon.
Enquanto nós continuamos nesse universo alternativo, lembre que, enquanto Bella
sabe que há algo errado com Jacob, ela ainda não faz idéia de que ele é um
lobisomem. No epílogo, ela e Edward estão juntos de novo em Forks, e as coisas
estão de volta ao normal...
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